sexta-feira, janeiro 28, 2005

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quinta-feira, janeiro 27, 2005

Alguém já assistiu ao filme "Mar Adentro"? Eu também não.

Trata-se do relato de um marinheiro galego, que ficou TETRAplégico aos 25 anos de idade, e passou a vida lutando nos tribunais para ter direito à eutanásia. Não teve sucesso, e concebeu então um plano para, com a ajuda de 12 pessoas, ingerir Cianureto e, finalmente, descansar.
E agora, uma dessas doze pessoas reconheceu publicamente que de fato ajudou no plano. E, por isso, está sendo intimada a depor, no que pode se tornar um processo criminal.

Vejam vocês em que mundo estupidamente burro vivemos.

Você, se for mulher e passar por uma gravidez indesejada, não tem o direito de abortar. E porque? Porque nossa sociedade, e em consequência nossa legislação, entendem que o ser humano em potencial na sua barriga tem DIREITO À VIDA, e nem você e nem ninguém podem interferir com isso.

Que seja.

Mas então porque, se o direito à vida é tão sagrado, o direito à morte não deve ser da mesma maneira? Porque, com todos os demônios do inferno, um sujeito tetraplégico, que precisa de ajuda até pra se limpar no banheiro, não pode, em pleno gozo de sua consciência, decidir encerrar sua passagem pela terra?
Afinal, a morte não só é parte inerente do "ciclo da vida", como também sua consequência inevitável. Quero dizer: a morte faz parte da vida. Portanto, o direito pleno à vida deve incluir necessariamente o direito de por fim a ela.

Já disse mil vezes que se acontecesse semelhante coisa comigo, eu quereria o mesmo fim.

Então vamos pensar. Até onde sei, o suicídio deixou de ser considerado crime. Sim, ele já foi considerado crime! Ou seja, se o pobre infeliz tentasse se matar e não conseguisse, ainda ia preso! Mas, enfim...

Agora, um sujeito tetraplégico, vejam vocês que triste condição, é fisicamente incapaz até mesmo de suicidar-se. Ou seja, ele precisa ser "assassinado".

Ora, ora...e então? Alguém que ponha fim à vida de outra pessoa, SOB EXPLÍCITA SOLICITAÇÃO DELA, é o que? Assassino covarde ou samaritano solidário?

Pra mim, a resposta reside numa questão fundamental. Em que sistema moral você guia seus atos? Sua moral é absoluta ou é relativa?

Se sua moral for absoluta, então pôr fim à vida de outra pessoa não é permitido, em quaisquer condições. Se sua moral for relativa, existe lugar no sistema para que você mate o cara, e ainda assim mantenha sua consciência intacta - afinal, as condições importam no julgamento dos seus atos.

Eu sou pela moral relativa. Será que alguém não é? Bom...aparentemente, nosso mundo e suas leis inflexíveis não são.

Vou assistir esse filme.

JN

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Gostar é muito fácil...


Gostar é tão fácil...
Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar:aprenda a fazer bonito o seu amor.
Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito.
Tenho visto muito amor por aí: amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais,profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva, mas esbarram na dificuldade de se tornar bonito.
Apenas isso: bonitos...
Amores que são verdadeiros, eternos e descomunais de repente se percebem ameaçados apenas e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem, rotinizam, descuidam, reclamam, deixam de compreender, necessitam mais do que oferecem, precisam mais do que atendem, enchem-se de razões. sim, de razões.
Ter razão é o maior perigo no amor.
Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão.
Nem queira...
Ter razão é um perigo: em geral, enfeia o amor, pois é invocado com justiça mas na hora errada.
Amar bonito é saber a hora de ter razão.
Ponha a mão na consciência! Você tem certeza que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro, a maior beleza possível?
Talvez não...
Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer.
Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo, deixa de amar bonito.
Sofrendo, deixa de ser alegre, igual criança.
E, sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.
Não tema o romantismo.
Derrube as cercas da opinião alheia.
Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama.
Adie sempre, se possível, com beijos, aquela conversa importante que precisa ter, arquive se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida.
Para quem ama, toda atenção é sempre pouca.
Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda atenção possível.
Quem ama bonito não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.
Não teorize sobre o amor, ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora.
Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme, como a sinceridade, não dar certo e depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito), abrir o coração, contar a verdade do tamanho do amor que sente.
Jogue pro alto todas as jogadas, golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser sabido): seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser.
Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs, falando besteiras, mas criando sempre, sentindo o coração bater como no tempo do Natal infantil.
Revivendo os carinhos que instruiu em criança sem medo de dizer: eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.
Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor ou bonitar (a ordem das frases não altera o produto), sempre que ele seja a mais verdadeira expressão de tudo o que você é e nunca, deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possível, ser.
Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.

( Arthur da Távola )